Todos aqueles que dirigem nas imediações sabem o transtorno que é tentar circular por estas ruas em horários de pico e com outros tantos milhares de veículos acrescentados ao trânsito a cada mês. É óbvio que o problema não vai embora sozinho. E o que a administração municipal providencia são agentes de trânsito para "domar" as feras ao volante.
A idéia que me apresentou é bastante simples, e por isso carrega o brilhantismo das grandes sacadas. Segundo ele o certo para aquela região da cidade seria transformar estas ruas em mão única, cada uma num único sentido!
Minha primeira reação foi de resignação: será? Mas pensando mais um pouquinho no assunto fica fácil entender por que.
Soa estranho? Confira o mapa montado com a ajuda do google então:
A via principal está pintada de roxo, com a seta indicando o sentido recomendado para aquele trexo.
Atualmente ambas as ruas estão funcionando em sentido duplo. Certos trexos estão com duas pistas, outros com três. A idéia acima procura garantir que existam ao menso 3 pistas livres de entroncamentos, cruzamentos e semáforos para atender a um grande fluxo de veículos todos os dias.
Nada de cruzamentos
Um dos maiores problemas deste trecho são os cruzamento entre as vias, especialmente nos sinais. Filas intermináveis se formam e motoristas que colocam o automóvel inteiro sobre a pista para entrar na mão contrária (+de 50cm é multa pelo código de trânsito). Torna-se um suplício passar por ali.
Com a garantia de 2 pistas livres estas ruas tornariam-se praticamente avenidas e escoariam o trânsito com maior fluidez. As saídas para as ruas laterais seria natural, sem bloqueio da pista. Com todos os veículos seguindo na mesma direção a entrada ou saída de veículos nunca interrompe o fluxo.
Eliminação de semáforos e entrada livre à direita
Os semáforos são um bom instrumento de controle quando bem utilizados, mas são um problema quando estão próximos em ruas com fluxo intenso de veículos. Com a eliminação da mão contrária e eliminação dos cruzamentos o motorista precisa preocupar-se somente com o fluxo de veículos à sua esquerda. Isso normalmente tem como consequência positiva a redução do número de colisões e acidentes, pois fica mais fácil circular por ali.
A maioria dos semáforos ali instalados poderia ser simplesmente eliminados, pois perderiam sua função. Como o princípio básico é deixar o trânsito fluir, os semáforos tornam-se inimigos da idéia.
Todos os semáforos da República Argentina podem ser eliminados desde a ponte dos arcos até a entrada da ponte no centro. Com a inversão do fluxo sobre a ponte de ferro o sinal para entrada na república argentina também perde sua função. O mesmo vale para a entrada da Brasil, que precisaria ter o canteiro removido para que as 2 pistas chegassem livres na ponte.
O semáforo em frente à prefeitura também deveria ser eliminado, deixando a pista central livre para quem segue adiante e um redutor de velocidade para quem segue na pista da esquerda. Os veículos que vem da XV para entrar na Castelo Branco (beira rio) teriam entrada livre à esquerda com uma simples placa de pare. O fluxo não é tão intenso ali e o redutor na pista da esquerda sobre a Castelo faria o restante do trabalho.
A rua (sem nome?) de quem retorna à esquerda na Castelo para ir ao Shopping deveria ser bloqueada e o fluxo de veículos que entram à esquerda deveria fazer o contorno na prefeitura. Isso eliminaria 2 semáforos sobre a XV e facilitaria o fluxo no centro.
Entrada livre pelo corredor de ônibus (pista de aceleração)
O corredor de ônibus é uma medida acertada, mas pode ser aproveitado para dar vazão ao fluxo. A entrada pelas pontes do castelinho da Havan e também da ponte de ferro deveria ser feito sobre o corredor de ônibus, que deveria servir como pista de aceleração para quem está entrando na avenida. Acredito que 150m sejam mais que o suficiente para os veídulos entrarem no fluxo.
Proibição de estacionamento na via
Com excessão dos pontos aonde há recuo específico para estacionamento de veículos (como na área azul), o estacionamento ao longo da via deveria ser proibido por toda a extensão destas ruas. A preservação de ao menos 2 pistas para circulação de veículos é primordial para adequado funcionamento da idéia. Aonde há espaço, como na rua Itajaí, deveria ser implementado o recuo de estacionamento e também um calçadão e ciclovia!
As transversais por sua vez devem ser utilizadas para estacionamento. Nestas ruas o fluxo e a velocidade são baixas e manobrar o veículo ali não atrapalha mais ninguém.
Retorno pela pode dos arcos
A ponte dos arcos teria seu fluxo e papel modificado neste novo arranjo. Seu papel seria modificado para funcionar como ponto de recuo, para aqueles que querem passar para o outro lado do rio. A entrada seria pela pista da esquerda, assim como a saída. É provável que a saída precise ser feita em pista reservada, por conta do problema de visibilidade que a estrutura da ponte que fica à direita do motorista.
Mesmo assim, como nenhum veículo cruza a pista, não há interrupção completa do fluxo como acontece hoje.
Velocidade máxima de 60km/h em toda a extensão da via
Com a liberação de 2 pistas para circulação de veículos somadas a remoção dos semáforos a tendência dos motoristas ao encontrar a pista livre é acelerar (e chegar mais rápido ao próximo gargalo). Para evitar que isso ocorra toda a via deveria ter sua velocidade modificada para 60km/h com monitoramento efetivo por pardais em toda sua extensão.
O exemplo de Curitiba é bastante útil nesta hora. Com todos os veículos andando na mesma velocidade o fluxo é constante a média velocidade. Isso permite espaços para que outros veículos ingressem no fluxo e acelerem à velocidade dos demais autos rapidamente.
Mudanças DE BAIXO CUSTO e de EXECUÇÃO IMEDIATA
A parte mais milaborante desta mudança é que ela pode ser feita sem grandes obras civis, com custos altos.
Precisaria ser antecipada por uma campanha de divulgação abrangente e ter a sinalização preparada para que a inversão e interligação das ruas pudesse ser feita num final de semana, em conjunto do desligamento dos semáforos e remoção do canteiro no cruzamento da Brasil com a Rep. Argentina, mas isso é praticamente nada para uma mudança destas proporções.
As placas poderiam ser instaladas e deixadas cobertas durante a semana com alteração feita na noite entre 6a-f e Sábado, para que os motoristas tenham o final de semana para acostumar-se com a nova configuração.
As demais modificações como remoção de semáforos, demarcação de pistas, instalação de estacionamentos, etc, pode ser feitas ao longo dos meses seguintes, priorizando sempre o que tiver relação com a segurança dos pedestres e dos veículos.
Os contrapontos
É claro que a idéia não agradaria a todos, principalmente aqueles que precisariam vazer a volta no rio para chegar em algum ponto mais à esqueda (contrário ao fluxo da via). Mas estou certo de que os ganhos de tempo para a grande maioria da população compensaria este problema que afetaria uma parcela pequena que precisaria dar a volta.
Outro problema é a distância entre os pontos de retorno, especialmente no trecho entre o Sesi e a ponte dos arcos. O ideal seria a construção de uma nova ponte a meio caminho entre os retornos (o pontilhado no mapa), ou então deixar a R. São Bento fazer este papel.
Enfim, Blumenau precisa encontrar maneiras de melhorar seu trânsito. Algumas modificações recentes feitas no trânsito se mostraram equivocadas e via de regra transferiram o problema do fluxo para o próximo ponto de gargalo. O objetivo aqui é acabar com o máximo de gargalos possível para que, assim como a água, os veículos encontrem caminho livre para fluir e acabar com este lindo e caótico estacionamento a céu aberto que a cidade se torna todos os dias...